segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Mudando de profissão...

Gente!!!
Hoje, quem fala aqui é a Lilian Satiko!

Espero inspirar vocês...

"Mudança sempre foi uma coisa que me apavorou. Gosto de estar em minha zona de conforto, de estar em um lugar que me é familiar, de ter certa rotina, com meus horários e as pequenas atividades que preenchem o meu dia. Não posso dizer que sofri muito até agora, não passei por nenhuma dificuldade séria, e sempre fui uma boa aluna. E esta, aliás, era a única exigência que meus pais me faziam, que eu me dedicasse aos estudos.
Eu temia muito a chegada do vestibular, não somente pela prova em si, mas pela escolha que eu deveria fazer. E, realmente não tinha ideia do que eu gostaria de ser, de que carreira deveria seguir. Não havia nada que chamasse a minha atenção, ou me desse um porquê de escolher tal profissão. Movida pelas minhas preferências no quesito matérias escolares, resolvi escolher arquitetura, porque, afinal, sempre gostei de coisas bonitas, de desenhar, de artes, de dança, e, por outro lado, achava interessante história, física, e matemática. Bom, de algum modo, achei que a arquitetura reunia muitos dos meus maiores interesses, e que me parecia uma profissão bem bonita e útil, o que realmente ela é.
Ainda não sei dizer certamente o que aconteceu. Acredito que todos os cursos são difíceis, todas as áreas exigem sacrifícios, mas durante toda a minha graduação eu não consegui me encontrar, e nem gostar de nada do que eu fazia. Eu entendia o grande papel que a arquitetura podia ter na sociedade e o quão importante ela é, mas é como se eu não conseguisse por isso em prática. Acho que me faltava uma motivação.
Eu me formei, e comecei a trabalhar, esperando que a experiência me desse mais segurança na escolha que eu tinha feito. Paralelamente a isso, desde o meu segundo ano da faculdade, comecei a frequentar aulas de dança de salão. Eu sempre amei dançar, e era algo que eu fazia apesar da minha timidez. A dança foi se transformando gradualmente de um hobby a uma profissão; aos poucos comecei a dar aulas particulares, e então assumi uma turma, que foi meu grande presente.
Quando eu tinha minhas crises relacionadas à arquitetura (em que eu cheguei a procurar a ajuda de psicólogos), minha mãe me perguntou algumas vezes se o que eu queria era trabalhar com dança. Apesar do incentivo, isso sempre me pareceu uma coisa bem impossível. E, sinceramente, não me vejo abrindo uma academia de dança, por exemplo. Mas os oito anos que eu passei em contato com a dança de salão, em específico, fizeram com que eu desenvolvesse habilidades que eu não possuía, principalmente ligadas à comunicação, e me levaram, também, a descobrir muitas aptidões em mim que, até então, desconhecia. Uma das coisas que eu mais gostava de ver durante as aulas, era a mudança que ela podia trazer para as pessoas, como trouxe para mim.
Alguns dos meus alunos eram idosos, outros começaram a dançar por recomendação médica, e uma, em especial, que se tornou uma boa amiga, porque descobriu que tem Parkinson. De repente, senti a necessidade de melhorar a minha aula, mas não sabia como. Parecia que me faltava conhecimento técnico, acadêmico, e eu queria poder oferecer o melhor de mim naquele trabalho.
Comecei a pesquisar sobre dança e reabilitação, e cursos que eu poderia fazer. Comecei também a comparar o trabalho que fazia na escola de dança com o que eu fazia como arquiteta: na rotina de cada profissão, no perfil que cada uma exigia de mim, e na minha resposta a essas exigências. Foi então, que decidi procurar uma nova área de trabalho, e, com a ajuda de uma amiga, de muita oração, e da novena do trabalho de São Josemaria (que eu recomendo! Haha), encontrei a Terapia Ocupacional (T.O.), que parece se encaixar perfeitamente com tudo o que eu buscava. E, é como se agora visse um amplo horizonte de possibilidades profissionais. Vejo também as dificuldades, inclusive pessoais, mas algo me faz escolher enfrenta-las.
Faz um ano que tudo isso aconteceu. Em agosto, no ano passado, eu deveria estar começando o cursinho preparatório para o vestibular. Em janeiro fiz a minha matrícula, e há quase um mês mudei de cidade. Saí da minha zona de conforto. Comecei outra vez, e estou longe das pessoas que eu mais amo. Durante este, um ano, conheci muitos que, também, precisaram fazer um trajeto maior do que o esperado para encontrar a vocação profissional, e me surpreendi, percebendo que é mais normal do que eu imaginava, mesmo que já tivesse ouvido isso. Parece que afinal, tudo tem um tempo e um porquê. Sinto medo e dúvidas, muitas vezes. Bom, nessas horas, só um pensamento me dá forças: foi Deus quem me trouxe aqui."




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